Amandome
Fecho os olhos
Respiro
Escrevo tentando transcrever
o ato de amor que acabei de cometer
Ato esse que
me lembra
me conecta
me inspira a agradece
aos Deuses
à Vida
à esse corpo
O prazer que sou capaz de sentir
me faz em Deuses acreditar
forças divinas que me abençoaram
com esse presente chamado sentir
me lembrando que tambem o sou
Me dá forças
Me inspira para criar
Me ajuda a valorizar a vida
Meu corpo
Meu sexo
agora
comigo
me sussurrando palavras gostosas
me dando beijinhos nos ombros
esse outro e mesmo eu
que se separa e se encontra
na arte de se amar
Me revigora
com ou sem gozo
mas Gozo
da alegria de me tocar
me sentir
Acariciar
Sinto uma energia vindo do coração
e chega às minhas mãos
Agora, para a escrita
Há instantes, na minha vulva
Vulva, viva, absoluta
Força
e
Delicadeza
na Potência de ser Mulher
E pensar que já quis ser homem, hoje entendo que ainda não sabia dos presentes que meu próprio corpo abrigava
Tantas partes do meu corpo já foram mal querida, hoje as olho, com lágrimas nos olhos e gratidão no coração por serem como são
As lágrimas que escorrem me lembram da dor que é odiar a si mesmo, ainda que, em partes.
E toda essa indústria da estética separa, silenciosamente, dia após dia, nós de nosso próprio corpo.
Nosso corpo é um templo, e como habitar um templo que insistem em dizer que não é bom, belo ou certo?!
Isso mata
Isso dilacera
Quanto mais percebo as potências e sensações incríveis que meu corpo me dá, mais isso interfere na forma como o vejo
E minhas imperfeições já não me doem,
Hoje olho e rio
Depois das lágrimas o Sol voltou a brilhar
Como posso eu não amar esse meu pé, com cada um desses dedos, que me proporcionam tanto equilíbro, danças, viagens etc?!
Como não amar minha barriga e suas estrias que me lembrar que meu corpo já foi casa da Vida?!
Como não amar meus joelhos, que me permitiram tantas caminhadas, massagens, meditações, diferentes posições sexuais?!
Como não amar meus pelos, que gosto tanto de brincar?!
Te agradeço, CorpoTemplo
por ser meu Lar.